Carta de Exemplo

Conheça nossa História

“As pessoas estão falando da COP-30 na Amazônia, mas nós estamos vivendo a Amazônia na prática.”

A Ilha de Caratateua, popularmente conhecida como ilha de outeiro, está localizada a aproximadamente 35 km do centro de Belém, sendo a ilha mais próxima da capital ligada ao continente pela Ponte Governador Enéas Martins Pinheiro. Possui um pouco mais de 63.353 habitantes e 14.266 domicílios, segundo o relatório de gestão de 2009 da administração regional de outeiro. Pessoas que, em sua maioria, moram ali, no entanto, trabalham em Belém ou no distrito vizinho, chamado Icoaraci (BITENCOURT, 2016).

Eixos Urgentes!

“Com todos esses impactos a nossa querida Ilha de Outeiro está cada vez mais quente acabando a paz que aqui existia, lastimavelmente.”

• Implantação de um sistema de limpeza urbana comunitária
Na Ilha de Caratateua, uma iniciativa de limpeza urbana comunitária busca envolver moradores locais na manutenção semanal de ruas e vilarejos, incluindo atividades de roçagem e limpeza de matas. Diante da precariedade da coleta de resíduos sólidos, que muitas vezes não abrange todos os bairros igualmente, propõe-se a contratação de moradores pela prefeitura para desempenhar esse papel e garantir uma cobertura mais
abrangente. Além disso, a implementação do projeto “Ruas Ecológicas” visa colocar lixeiras apropriadas em toda a ilha, incentivando a coleta diária do lixo e a separação de materiais recicláveis em colaboração com cooperativas locais. O tratamento adequado do lixo é enfatizado, com a instalação de lixeiras recicláveis em áreas periféricas mais afetadas pela poluição. O fortalecimento do sistema de Ecotroca, que incentiva a troca de materiais recicláveis por hortaliças, fortalece a conexão entre sustentabilidade e comunidade. Adicionalmente, propõe-se um calendário diário de coleta de lixo pela Prefeitura, carros de coleta semanal de entulho e o fortalecimento dos catadores e cooperativas existentes, com fornecimento de material e espaço, formação de agentes ambientais e políticas de valorização, visando melhorar a gestão de resíduos na ilha. Essas ações coletivas, respaldadas pela participação ativa da comunidade, representam um passo significativo em direção a uma limpeza urbana mais eficiente e sustentável em Caratateua.

• Implementação de um projeto de educação ambiental popular e criação de agentes ambientais comunitários
Propõe-se a implementação de polos de educação ambiental popular e contínua na Ilha de Caratateua, com instituições que já atuam com educomunicação popular e têm mecanismos de engajamento com a comunidade. Esses polos, fundamentados em conhecimentos tradicionais, serão formativos, qualificando Agentes Ambientais Populares locais para disseminar saberes sobre educação e meio ambiente. Propõem-se também a criação de um Plano de Educação Popular em Ambiente e Clima que visa integrar agentes de educação ambiental nas estruturas educacionais, promovendo a formação de agentes comunitários para monitorar áreas verdes e abordar questões de mobilidade e separação de resíduos. A proposta inclui a criação de parcerias com escolas para estabelecer os pólos, visando também a contratação de moradores locais para zelar por praças e ruas. Destaca-se que a educação e formação são consideradas fundamentais para atender outras demandas da comunidade, e a educação ambiental é percebida
como uma ferramenta transformadora e multiplicadora para criar agentes comunitários comprometidos com o bem coletivo. Além disso, a proposta ressalta a importância de o Estado e seus representantes assumirem responsabilidades nas demandas ambientais e sanitárias essenciais para o equilíbrio da Ilha de Caratateua.

• Infraestrutura de sistema de esgoto sustentável e pavimentação ecológica
Propõe-se uma abordagem abrangente para aprimorar a infraestrutura. A utilização de pavimentação ecológica, como bloquetes de solo-cimento ou biofibra, é preconizada para melhorar o escoamento da água da chuva, evitando ilhas de calor causadas pelo cimento, impermeabilização do solo e contaminação do lençol freático. É necessário implementar uma política pública específica para a região insular de Belém, promovendo essa forma de pavimentação. Além disso, a implantação de um sistema de fossas sépticas biodigestoras visa proteger os lençóis freáticos e evitaralagamentos. O controle da especulação imobiliária, que afeta o gerenciamento de fossas, é considerado crucial para garantir a eficácia dessas medidas. Adicionalmente, propõe-se a promoção de estudos e formação para agentes comunitários, estudantes e para a sociedade civil organizada sobre o tema da “Pavimentação Ecológica”. Visitas técnicas dos agentes e órgãos responsáveis a locais identificados com problemas a serem resolvidos complementam essa iniciativa, visando uma infraestrutura mais sustentável e adaptada às necessidades da Ilha de Caratateua.

Transporte Fluvial da Ilha de Caratateua para o Centro de Belém
O transporte fluvial emerge como uma solução essencial para a locomoção e logística na Ilha de Caratateua, com a inclusão de uma rota fixa até o centro de Belém. Essa iniciativa não apenas atende às necessidades práticas de mobilidade, mas também oferece assistência crucial para estudantes, garantindo acesso facilitado ao transporte. Essa alternativa torna-se fundamental para enfrentar as intempéries climáticas, proporcionando uma opção resiliente para o bem-estar da comunidade. Além disso, o transporte fluvial contribui para a diminuição do contato com a poluição urbana, conferindo uma ampliação significativa do direito à cidade e promovendo uma forma mais sustentável e acessível de deslocamento entre Caratateua e o centro de Belém.

• Ações de conservação e preservação
A população da Ilha de Caratateua demanda por ações de preservação e conservação do território, destacando a valorização dos produtores locais e o cuidado e restauração das áreas verdes. Por meio de levantamentos e fiscalização, propõem-se a identificação e monitoramento de áreas de risco, áreas protegidas e áreas desmatadas, visando a criação de um plano de ação de enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas. A preservação das áreas verdes é assegurada por fiscalizações ambientais e políticas públicas específicas para a conservação dos rios e nascentes, enquanto a agroecologia precisa ser promovida como prática sustentável. Além disso, um projeto de identificação e monitoramento da fauna local, em parceria com universidades, propõe identificar e proteger espécies na ilha, incluindo a implementação de ações específicas de conservação. O apoio aos produtores locais é fortalecido por ações de fomento e qualificação e a criação de um plano anual dos produtores locais. Essas ações devem ser complementadas com ações educativas para a população geral destacadas na demanda 3 (três), a seguir. Essas iniciativas integradas refletem um compromisso abrangente com a sustentabilidade e a preservação do ecossistema único de Caratateua.

• Promoção de Formação e Educação Climática
A promoção da formação e educação climática em Caratateua deve ser guiada pela integração das comunidades e pelo resgate da história ambiental da ilha, culminando no fortalecimento de uma identidade local. Iniciativas como a criação de hortas comunitárias e viveiros de mudas pelos produtores tradicionais podem fortalecer as práticas sustentáveis, destacando a importância do diálogo com as religiões de matriz africana. Propõem-se também o mapeamento e articulação de organizações da sociedade civil cujo trabalho abrange as questões climáticas na ilha, visando o fortalecimento da rede para impulsionamento de projetos por parte do Estado e outros parceiros. Outra demanda seria o turismo pedagógico, incentivado como uma forma de integração das comunidades, promovendo encontros mensais para a troca de conhecimento e fortalecimento da identidade local. A qualificação aprofundada sobre mudanças climáticas, aliada a ações educativas e formações para os moradores, busca não apenas informar, mas também ressignificar os espaços e promover uma compreensão holística das questões ambientais na ilha, sendo fundamental a integração da comunidade escolar com a comunidade local. Essas iniciativas refletem um compromisso integral com a educação climática, visando não apenas o conhecimento, mas também o fortalecimento da comunidade e a construção de uma identidade sustentável para Caratateua.

Espaço de arte, cultura, sociabilidade e memória pensado junto com a comunidade assegurando o equilíbrio com a natureza, para o pertencimento ao território e construção com arquitetura bioclimática
A necessidade urgente de um espaço de arte, cultura, sociabilidade e memória na Ilha de Caratateua surge como uma demanda vital, exigindo uma abordagem colaborativa e sustentável. A organização de uma Campanha de Mobilização para esse espaço, alicerçada no fortalecimento da rede comunitária, não apenas reflete o desejo coletivo, mas também fortalece os laços entre os habitantes da ilha. Considerando os impactos dos eventos climáticos extremos na região, é crucial criar um lugar que sirva não apenas como espaço cultural, mas também como um local para formação política, cultural, social, espiritual e climática, especificamente voltado para a identidade afro amazônida. A falta de espaços preparados para produzir e consumir cultura durante eventos extremos destaca a urgência desse empreendimento. O espaço de cultura proposto, com acesso a cinema, teatro e dança, deve ser concebido junto com a comunidade, garantindo o equilíbrio com a natureza e sensibilizando para o pertencimento ao território, destacando a importância de preservar a memória local. Além disso, a promoção de espaços de sociabilidade, como praças com anfiteatro, oferecem ambientes acolhedores para a comunidade se reunir. Adicionalmente, a implementação de arquitetura bioclimática nos espaços de cultura não apenas promove eficiência energética e conforto térmico, mas também demonstra um compromisso com práticas construtivas ambientalmente responsáveis. Esse projeto, concebido em colaboração estreita com a comunidade, não só atenderá às necessidades culturais imediatas, mas também contribuirá para o fortalecimento da identidade local e a promoção da sustentabilidade no coração de Caratateua.

• Educação baseada nos saberes tradicionais do território sobre meio ambiente, cultura e clima e mobilização da juventude em conexão com as infâncias e os griôs.
Propõe-se uma educação fundamentada nos saberes tradicionais do território, abordando meio ambiente, cultura e clima, se destaca como uma prioridade na Ilha de Caratateua. O envolvimento ativo e valorização dos Mestres e Mestras desses saberes nas escolas não apenas preserva a riqueza cultural local, mas também enriquece o ambiente educacional com conhecimentos autênticos e contextualizados. A integração da educação ambiental nesse contexto proporciona uma compreensão ampliada das interações entre a comunidade e seu entorno. Além disso, é essencial mobilizar a juventude em consonância com as infâncias e os griôs, proporcionando atividades variadas, como esportes, lazer, arte e cultura. Essa abordagem não apenas conecta as gerações mais jovens aos saberes tradicionais, mas também fomenta um senso de pertencimento, preservando e transmitindo a riqueza cultural única da Ilha de Caratateua.

• Políticas públicas pelo direito de permanecer na ilha. Garantia de trabalho e acesso a recursos financeiros, fortalecimento dos agentes, espaços, pontos de cultura e associações comunitárias com formações baseadas na troca de conhecimentos entre quem já faz cultura no território.
Políticas públicas voltadas para o direito de permanência na Ilha de Caratateua é fundamental para assegurar não apenas a preservação cultural, mas também a garantia de trabalho e acesso a recursos financeiros para os moradores. O fortalecimento dos agentes culturais, espaços, pontos de cultura e associações comunitárias é essencial, e isso deve ser alcançado por meio de formações baseadas na troca de conhecimentos entre aqueles que já contribuem para a cultura local e fomento aos projetos que resistem produzindo cultura no território. O estímulo ao “puxirum” de conhecimentos do território, promovendo o diálogo para pensar caminhos de fomento e parcerias, é crucial para preservar as tradições. A consideração das salvaguardas do carimbó para grupos locais e o reconhecimento dos pássaros juninos como patrimônio pelo IPHAN são passos importantes na proteção da identidade cultural. O apoio aos mestres para elaborar projetos e acessar editais de fomento é um passo prático e necessário para garantir a continuidade e prosperidade das expressões culturais únicas de Caratateua.

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